Os seus olhos verdes destacavam-se de todos os outros, como dois verdes
e raros diamantes no escuro da noite. Os cabelos castanhos e ondulados
puxados para trás faziam-no parecer alguém imponente.
Os traços do seu rosto eram delicados mas carregados, o que o
fazia parecer um anjo caído do céu, mas um anjo negro. O seu riso ecoava
pela sala cheia de pessoas insignificantes e ocupadas com as suas
miseráveis vidas de trabalho. Era como um som celestial, algo de outro
mundo.
Observando o resto do seu corpo reparei que era muito alto comparado comigo, era majestoso e elegante.
Usava umas calças de ganga casuais, mas que o faziam parecer
muito mais jovem do que na realidade é. A sua camisa branca estava
ligeiramente aberta junto ao perfeito e bem desenhado pescoço, com a
pequena abertura consegui ver a ponta, do que me pareceu, uma enigmática
tatuagem.
Enquanto observava o homem de vinte e oito anos com o ar mais
jovem e despreocupado de sempre, apercebi-me de que os nossos olhares se
cruzaram. Ele estudava-me tão cuidadosamente como eu a ele.
Olhos verdes vidrados em olhos castanhos, por apenas dez segundos. Por uns intensos e longos dez segundos.
Ana Jesus nº3 8ºB